São Bernardo do Campo, 27 de Maio de 2016

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Ei mocinho,
Faz frio lá fora. Poderíamos estar agora assistindo àquele filme abraçados debaixo das cobertas, como combinamos um dia. Ironicamente, acabei de assistir sim a um filme, debaixo das cobertas, mas com os pés gelados por estarem apoiados no chão e sem você, a parte da cena que realmente me importa. A parte mais dolorosa foi não poder te contar o que achei do filme. Não era o nosso, o combinado, mas era bonito, apesar de bobinho. Enquanto os créditos passavam pela tela, eu chorava e sorria, boba, com os dedos prontos para desbloquear o celular e te descrever o que sentia. Mas não podia. Ultimamente, inclusive, sinto que não posso muita coisa, não com você. Dói. Adquiri essa mania de ler coisas antigas, ver coisas antigas, pensar no que já foi... Fico perdida entre tantas memórias. Aparentemente acabei desistindo da situação presente, não sei mais como lidar, como resolver, como prosseguir. Então me vi presa ao que sinto, ao que passamos, porque isso não muda. Lembro que um dia ouvi alguém reclamar do calor e dizer que o frio chegaria. Escrevi um texto sobre nós dois e sobre como as coisas continuariam quentes, mesmo depois da chegada da frente fria. Ironicamente, errei. Alguma parte de mim gostaria de culpar essa espécie de efeito borboleta, dizendo que as coisas só estão assim agora porque esfriou naquele dia. Soa ridículo, eu sei, mas sou toda meio ridícula, você sabe. Já não sei mais nem o propósito do que escrevo, não é como se externar pensamentos desconexos fosse fazer alguma coisa melhorar. Falando em melhorar, andei trabalhando nisso. Não pude te contar detalhes sobre, afinal qualquer assunto vem sendo desconfortável e aparentemente inoportuno, mas estou melhor. Trabalhei naqueles problemas todos, resolvi alguns, outros arquivei, para serem resolvidos quando chegar a hora. Você provavelmente foi o único que continuou no limbo, sem solução e sem que eu consiga deixar de lado. Tentei, você viu, mas já quero integralmente que paremos com isso. Te deixar de lado, de onde exatamente tirei essa ideia?!? Que erro. Bom, acho que vou terminando agora, pra voltar a pensar em coisas que poderiam ter dado certo, que fariam dar certo agora, que são mais agradáveis e menos dolorosas do que o real momento de nós dois. Hoje faz quatro semana, inclusive, e não sei dizer se parecem quatro horas ou quatro anos, mas que poderiam só acabar, pra eu parar de sentir essa enorme... coisa. É, o dia dos namorados tá chegando, você me lembrou disso hoje, aparentemente sem propósito. Pensei nas formas que gostaria de passá-lo, mas lembrei que nunca nem chegamos a ser um casal de namorados. Provavelmente o passarei como vim passando esse feriado: com frio, assistindo romances e chorando enquanto vasculho o passado. Espero que não seja tão ruim quanto soa.
Sinto sua falta,
Até mais.
Obs.: seu silêncio me ensurdece

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