Para iniciar gostaria de lembrar de cerca de vinte meses atrás, quando fui transferida, fato que fez com que minha vida mudasse completamente e com que eu me adaptasse à uma nova e desconhecida rotina. No começo devo admitir que não me agradava nem um pouco, estava cercada pelo meu próprio desgosto, saudades e nostalgia, tratando com descaso e ignorância as poucas chances que tinha de fazer com que minha vida melhorasse de novo. Fiquei presa à pessoas que logo se esqueceram de mim e vivia de memórias repetidas, esquecendo de aproveitar tudo aquilo que tinha ao meu redor. Posso chamar esta de a fase um, onde a inspiração eram memórias e momentos monótonos.
Logo um novo ano chegou e com ele me desfiz de expectativas, surpreendendo-me com a tal desfeita de virada de ano que revelou-se a melhor ação que eu poderia ter tomado, sem expectativas tudo me parecia único e animador, e essa é a chamada fase dois, onde a inspiração eram surpresas e experiências novas, mas na qual eu ainda tinha um pouco daquele bloqueio contra as pessoas.
Finalmente, chegamos à terceira e última fase, onde o segundo semestre deste ano conseguiu passar de estranhamente comum para brilhante em apenas algumas semanas. Pode ter sido a visualização de como vai ser não vê-los mais todos os dias, ou as memórias que agora passam repetidamente pela minha cabeça num looping não muito endireitado. Pois de um momento pra outro vocês se tornaram a minha inspiração. Cada professor, aluno, funcionário e até objeto que naquelas salas havia, gravados para sempre dentro de mim com ferro e fogo. Para sempre. Essa foi a nossa história, o nosso nono ano e tanto os momentos bons quanto os ruins ficarão pra sempre dentro de cada um de nós, pois é impossível esquecer de situações tão individuais como as pelas quais passamos. Segredos, mágoas, piadas e momentos que só poderiam ter acontecido conosco.
O futuro? É incerto. Não há como definir certezas, mas visualizo o sucesso em cada um de nós, pois hoje, mais do que nunca, somos, sem querer, as inspirações um dos outros. E assim, me despeço de um ano e de uma turma surpreendentemente bons, com um aperto no coração e a esperança de que possa para sempre me inspirar neles.